tureza dá, raro de vez em quando. Aquele queria saber tudo, dispor de tudo, poder tudo, tudo alterar. Não esbarrava quieto. Seguro já nasceu assim, zureta, arvoado, criatura de confusão. Trepava de ser o mais honesto de todos, ou o mais danado, no tremeluz, conforme as quantas. Soava no que falava, artes que falava, diferente na autoridade, mas com uma autoridade muito veloz. Desarmado, uma vez, caminhou para o Leôncio Du, que tinha afastado todo o mundo e meneava um facãozão. Como gritou: -"Você quer vermelho? Te racho, fré!" Ao de que, o Leôncio Du decidiu deixou o facão cair, e se entregou. Senhor ouve e sabe? Zé Bebelo era inteligente e valente. Um homem consegue intrujar de tudo; só de ser inteligente e valente é que muito não pode. E Zé Bebelo pegava no ar as pessoas. Chegou um brabo, cabra da Zagaia, recomendado. -"Tua sombra me espinha, joazeiro!" -Zé Bebelo a faro saudou. E mandou amarrar o sujeito, sentar nele uma surra de peia. Atual, o cabra confessou: que tinha querido vir drede para trair, em empreita encobertada. Zé Bebelo apontou nos cachos dele a máuser: estampido q"e espatifa -as miolagens foram se grudar longe e perto. A gente pegou cantando a Moda-do-Boi.

No regular, Zé Bebelo pescava, caçava, dansava as dansas, exortava a gente, indagava de cada coisa, laçava rês ou topava à vara, entendia dos cavalos, tocava violão, assoviava musical; só não praticava de buzo nem baralho -declarando ter receios, por atreito demais a vício e riscos de jogo. Sem menos, se entusiasmava com qual-me-quer, o que houvesse: choveu, louvava a chuva; trapo de minuto depois, prezava o sol. Gostava, com despropósito, de dar conselhos. Considerava o progresso de todos -como se mais esse todo Brasil, territórios -e falava, horas, horas. -"Vim de vez !" -disse, quando retornou de Goiás. O passado, para ele, era mesmo passado, não vogava. E, de si, parte de fraco não dava, nenhão, nunca. Certo dia, se achando trotando por um caminho completo novo, exclamou: -"Ei, que as serras estas às vezes até mudam muito de lugar!. .." -sério. E era. E era mas que ele estava perdido, deerrado de rota, hã, hã. Ah, mas, com ele, até o feio da guerra podia alguma alegria, tecia seu divertimento. Acabando um combate, saía esgalopado, revólver ainda em mão, perseguir quem achasse, só aos brados: -"Viva a lei! Viva a lei!..." - e era o pipoco-paco. Ou: -"Paz! Paz!" -gritava também; e bala: se entregaram mais dois. - "Viva a lei! Viva a lei!..."
Há-de-o, que quilate, que lei, alguém soubesse?
Tanto aquilo, sucinto, a fama correu.