ferramentas rógers e roscofes, latas de formicida, arsênico e creolinas; e até papa-vento, desses moinhos-de-vento de sungar água, com torre, ele tomava empreitada de armar. Conservava em si um estatuto tão diverso de proceder, que todos a ele respeitavam. Diz-se que vive até hoje, mas abastado, na capital - e que é dono de venda grande, loja, conforme prosperou. Ah, o senhor conheceu ele? Ô titiquinha de mundo! E como é mesmo que o senhor frasêia? Wusp? É. Seo Emílio Wuspes... Wúpsis... Vupses. Pois esse Vupes apareceu lá, logo vai me reconheceu, como me conhecia, do Curralinho. Me reconheceu devagar, exatão. Sujeito escovado! Me olhou, me disse: -"Folgo. Senhor estar bom? Folgo..." E eu gostei daquela saudação. Sempre gosto de tornar a encontrar em paz qualquer velha conhecença -consoante a pessoa se ri, a gente se acha de voltar aos passados, mas parece que escolhidas só as peripécias avaliáveis, as que agradáveis foram. Alemão Vupes ali, e eu recordei lembrança daquelas mocinhas -a Miosótis e a Rosa'uarda -as que, no Curralinho, eu pensava que tinham sido as minhas namoradas. -"Seo Vupes, eu também folgo. Senhor também estar "bom? Folgo..." - que eu respondi, civilizadamente. Ele pitava era charutos.Mais me disse: -"Sei senhor homem valente, muito valente. ..Eu precisar de homem valente assim, viajar meu, quinze dias, sertão agora aqui muito atrapalhado, gente braba, tudo..." Destampei, ri que ri, de ouvir.

Mas o mais garboso fiquei, prezei a minha profissão. Ah, o bom costume de jagunço. Assim que é vida assoprada, vivida por cima. Um jagunceando, nem vê, nem repara na pobreza de todos, cisco. O senhor sabe: tanta pobreza geral, gente no duro ou no desânimo. Pobre tem de ter um triste amor à honestidade. São árvores que pegam poeira. A gente às vezes ia por aí, os cem, duzentos companheiros a cavalo, tinindo e musicando de tão armados -e, vai, um sujeito magro, amarelado, saía de algum canto, e vinha, espremendo seu medo, farraposo: com um vintém azinhavrado no conco da mão, o homem queria comprar um punhado de mantimento; aquele era casado, pai de família faminta. Coisas sem continuação... Tanto pensei, perguntei: - "Para que banda o senhor tora?" E o Vupes respondeu: - "Eu, direto, cidade São Francisco, vou forte." Para falar, nem com uma pontinha de dedo ele não bulia gesticulado. Então, era mesmo meu rumo -aceitei -o destinar! Daí, falei com o Sesfrêdo, que quis também; o Sesfrêdo não presumia nada, ele naquilo não tinha próprio destaque.