tranço de vice-versa, com espinhos e restolho de graviá, de áspera raça, verde-preto cor de cobra. Caminho não se havendo. Daí, trasla um duro chão rosado ou cinzento, gretoso e escabro - no desentender aquilo os cavalos arupanavam. Diadorim - sempre em prumo a cabeça -o sorriso dele me dobrava o ansiar. Como que falasse: "Hê, valentes somos, corruscubas, sobre ninguém -que vamos padecer e morrer por aqui..." Os medeiro-vazes... Medeiro Vaz se estugasse adiante, junto com os que rastreavam? Será que de lá ainda se podia receder? De devagar, vi visagens. Os companheiros se prosseguindo, só prosseguindo, receei de ter um vágado - como tonteira de truaca. Havia eu de saber por que? Acho que provinha de excessos de idéia, pois caminhadas piores eu já tinha feito, a cavalo ou a pé, no tosta-sol. Medo, meu medo. Aguentei. Tanto tudo o que eu carregava comigo me pesava - eu ressentia as correias dos corre ames, os formatos. A com légua-e-meia de andada, bebi meu primeiro chupo d'água, da cabaça - eu tinha avarezas dela. Alguma justa noção não emendei, eu pensava desconjuntado. Até que esbarramos. Até que, no mesmo padrão de lugar, sem mudança nenhuma, nenhuma árvore nem barranco, nem nada, se viu o sol de um lado deslizar, e a noite armar do outro. Nem auxiliei a tomar conta dos bois, nem a destravar os burros de albarda. Onde era que os animais iam poder pastar? Noite redondeou, noite sem boca. Desarreei, peei o animal, caí e dormi. Mas, no extremo de adormecer, ainda intrují duas coisas, em cruz: que Medeiro Vaz estava in- sensato? - e que o Hermógenes era pactário! Tomo que essas traves fecharam meus olhos. De Diadorim, aí jaz que descansando do meu lado, assim ouvi: -"Pois dorme, Riobaldo, tudo há-de resultar bem..." Antes palavras que picaram em mim uma gastura cansada; mas a voz dele era o tanto-tanto para o embabo de meu corpo. Noite essa, astúcia que tive uma sonhice: Diadorim passando por debaixo de um arco-íris. Ah, eu pudesse mesmo gostar dele - os gostares...
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