sabia. Assim já tinha ouvido de outros, aos pedacinhos, ditos e indiretas, que eu desouvia. Perguntar a ele, fosse. Ah, eu não podia, não. Perguntar a mais pessoa nenhuma; chegava. Não desesquentei a cabeça. Ajuntei meus trens, minhas armas, selei um cavalo, fugi de lá. Fui até na cozinha, conduzi um naco de carne, dois punhados de farinha no bornal. Achasse algum dinheiro à mão, pegava; disso eu não tinha nenhum escrúpulo. Virei bem fugido. Toquei direto para o Curralim:

Razão por que fiz? Sei ou não sei. De ás, eu pensava claro, acho que de bês não pensei não. Eu queria o ferver. Quase mesmo aquilo me engrossava, desarrazoado, feito o vício dum ruim prazer. Eu fazia minha raiva. Raiva bem não era, isto é: só uma espécie de despique a dentro, o vexame que me inçava não me dava rumo para continuação. Único reger era me empinar e assoprar em esta minha cabeça, aí a confusão, e desordem e altos desesperos. Arremessei o cavalo, galopei demais. Não ia para a casa de Nhô Maroto. Ante antes ia para o seo Assis Wababa - aquela hora eu queria só- gente estranha, muito estrangeira, estrangeira inteira! Só fosse um pouco para ver a Rosa'uarda, essa assim eu amava? Ah, não. Gostasse da Rosa'uarda, mas aí nas delícias dela minha idéia não podendo se firmar - porque aumentava o desamparo de minha vergonha. Ia para a escola de Mestre Lucas! A, lá, perto da casa de Mestre Lucas, morava um senhor chamado Dodó Meirelles, que tinha uma filha chamada Miosótis. Assim, à parva, às tantices, essa mocinha Miosótis também tinha sido minha namorada, agora por muitos momentos eu achava consolo em que ela me visse - que soubesse: eu, com minhas armas matadeiras, tinha dado revolta contra meu padrinho, saíra de casa, aos gritos, danado no animal, pelo cerrado a fora, capaz de capaz! Daí, a Mestre Lucas eu tinha de dar uma explicação. Eu não gostava daquela Mios6tis, ela era uma bobinhã, no São Gregório nunca tinha pensado nela; gostava era de Rosa'uarda. Mas Nhô Maroto havia de logo saber que eu tivesse chegado no Curralim, e meu padrinho ia ter o pronto aviso. Mandava alguém me buscar. Vinha, ele. Não me importava. De repente, eu sabia: o que eu estava querendo era isso mesmo. Ele viesse, me pedisse para voltar, me prometendo tudo, ah, até nos meus pés se ajoelhava. E não viesse? Se demorasse a vir! Ai, o que era que eu ia fazer, caçar meio de vida, aturar remoque sei lá de todos, me repartir no miudinho de cada dia, tão penoso aborrecido. A bis, então, cresceu minha raiva. Tive outras lágrimas