Meu receio não passava. O mulato podia voltar, ter ido buscar uma foice, garrucha, a reunir companheiros; de nós o que seria, daí a mais um pouco? Ao menino ponderei isso, encarecendo que a gente fosse logo embora. -"Carece de ter coragem. Carece de ter muita coragem. .." -ele me moderou, tão gentil. Me alembrei do que antes ele tinha falado, de seu pai. Indaguei: -"Mas, então, você mora é com seu tio?" Aí ele se levantou, me chamando para voltarmos. Mas veio demorão, vagarosinho até aonde a canoa. E não olhava para trás. Não, medo do mulato, nem de ninguém, ele não conhecia.
Tem de tudo neste mundo, pessoas engraçadas: o remadorzinho estava dormindo espichado dentro da canoa, -com os seus mosquitos por cima e a camisa empapada de suor de sol. Se alegrou com o resto da rapadura e do queijo, nos trouxe remando, no meio do rio até mais cantava. Dessa volta, não lhe dou desenho -tudo igual, igual. Menos que, por vez, me pareceu depressa demais. -"Você é valente, sempre?" -em hora eu perguntei. O menino estava molhando as mãos na água vermelha, esteve tempo pensando. Dando fim, sem me encarar, declarou assim: -
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