Passava era uma tropa, os diversos lotes de burros, que vinham de São Romão, levavam sal para Goiás. E,o, arrieiro-mestre relatando uma infeliz notícia, dessas da vida. - Ele era alto, feições compridas, dentuço?" - Medeiro Vaz exigiu certeza. -"Olhe, pois era" -o arrieiro respondeu -"e, antes de morrer, deu o nome: que era Santos-Reis... Mais não propôs dizer, porque ai se exalou. Comandante, o senhor creia, nós tivemos grande pena... A gente, em volta se consternava. Aqueles tropeiros. No Cururu, tinham achado o Santos-Reis, que morria urgente; tinham acendido vela, e enterrado. Febres? Ao menos, mais, a alma descansasse. A gente tirou chapéus, em voto todos se benzendo. E o Santos-Reis era o homem que vivo fazia mais falta -ele estava viajando para trazer recado e combinação, da parte de Sô Candelário e Titão Passos, chefes em nosso favor na outra grande banda do Rio.
-"Agora alguém carece de ir..." -Medeiro Vaz decidiu, olhando salteado; amém! -nós apreciávamos. Eu espiei, caçando Diadorim, que ali bem defronte de mim se portava, mesmo segurava uma vara-de-ferrão, considerei nele certo propósito, de despique gandaiado... Apartei minhas vistas. Requeri, dei passo: -"Se sendo ordens, Chefe, eu gostava era de ir..." Medeiro Vaz limpou a goela. A meio, eu estava me lançando, mas mais negaceando prosápia: duvidoso d'ele consentir; pelo bom atirador que eu era, o melhor e mór, necessitavam de mim, haviam de querer me mandar escoteiro, dizedor de mensagem? E aí se deu o que se deu -o isto é. Medeiro Vaz concordou! -"Mas carece de levar um companheiro..." -ele propôs. Aí em tanto eu não devia de me calar, deixar alheia a escolha do segundo, que não me competia? Ah, ânsia: que eu não queria o que de certo queria, e que podia se surtir de repente... E a vontade de fim, que me ora vinha ranger na boca, me levou num avanço: -"Sendo suas ordens, Chefe. o Sesfredo comigo vai..." -falei. Nem olhei Diadorim. Medeiro Vaz aprouve. Me encarou, demais, e despachou, em duríssimo: -"Vai, então, e no caminho não morre!" A ser que Medeiro Vaz, por esse tempo, já t acusava doença a quase acabada -no peso do fôlego e no desmancho dos traços. Estava amarelo almecegado, se curvava sem querer, e diziam que no verter água ele gemia. Ah, mas outro igual eu não conheci. Quero ver o homem deste homem!... Medeiro Vaz -o Rei das Gerais...
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