Design: Projeto de produto II
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Biomimética aplicada à indústria têxtil
Abaixo, listou-se alguns exemplos de inovações concebidas a partir de estudos da biomimética aplicada à indústria téxtil.
Velcro
O velcro foi criado em 1941 pelo engenheiro suíço George de Mestral. Sua invenção teve como inspiração os espinhos e ganchos das sementes de carrapicho, um gênero de plantas com flor da família Asteraceae, nativa da América e da Ásia.
Para que as sementes alcancem os locais onde novas gerações podem ser estabelecidas, a planta utiliza a estratégia de dispersão. Uma vez maduras, as sementes precisam ser libertadas da planta-mãe e disseminadas de modo eficiente, evitando que haja acúmulo de descendentes em pequenas áreas (competição). A dispersão é realizada por animais quanto estes encostam na planta. Os diásporos com mecanismos adesivos (espinhos, ganchos ou exsudatos viscosos) se soltam da planta-mãe e se prendem ao corpo dos animais.
A analogia ao carrapicho é de ordem funcional (mecanismo adesivo).
Tecido impermeável
A superhidrofobicidade, também conhecida por efeito Lotus, foi descoberta pelo botânico alemão Wilhelm Barthlott. Ao estudar a superfície das folhas de lótus, o pesquisador constatou que ela era rugosa ao invés de suave. As gotas de água que caíam na superfície deslizavam por ela instantaneamente. Sua superficie apresenta papilas e ceras epiticulares. As papilas, que são saliências nanométricas, combinadas com as ceras epiticulares, que são hidrofóbicas, conferem à folha a super–hidrofobicidade. Este fenômeno permite à planta defender-se de agentes patogênicos e, simultaneamente, realizar um processo de auto-limpeza. O fenômeno é comum na Natureza, sendo encontrado em folhas de plantas e em alguns insetos.
A marca NanoTex desenvolveu tecnologia com características semelhantes a folha de lótus. NanoTex é um tipo de acabamento têxtil que utiliza nanotecnologia (manipula a matéria em escala atômica e molecular) para alterar as propriedades do tecido, aumentando a resistência a derrames e manchas.
A analogia a folha de Lotus é de ordem funcional (hidrofobicidade).
Tecido pele de tubarão (shark skin)
As primeiras pesquisas relacionadas a linha de roupas de banho de competição foram realizadas pela Speedo. Para desenvolver a tecnologia, até biólogos foram contratados para reproduzir as características da pele do tubarão – considerada a mais rápida criatura aquática –, naturalmente dotada de uma hidrodinâmica que diminui o atrito com a água, facilitando o nado. Por isso a roupa ficou conhecida como “shark skin” (pele de tubarão).
Em 2008 a Speed lançou sua linha de roupas de banho de competição LZR Racer. O resultado das pesquisas levou à criação de um tecido elástico, confeccionado com microfilamentos de poliéster (75%) e fios de elastano (25%). Ele reduz o atrito da pele em contato com a água em até 24% em relação aos trajes de banho tradicionais. Além disto, permite um melhor fluxo de oxigênio para os músculos e mantêm o corpo em uma posição mais hidrodinâmica, enquanto repele a água e aumenta a flexibilidade.
A analogia a pele de tubarão é de ordem simbólica (velocidade).
Tecido inteligente
São tecidos que possuem a capacidade de reagir, incorporando e respondendo a estímulos externos, incluindo elétrico, mecânico, químico, térmico ou magnético. No segmento de roupas esportivas o controle da umidade e temperatura é um fator de extrema importancia. No exemplo abaixo, é apresentado o tecido "Nike Sphere Macro React". Ele possui um padrão de escamas de peixe que permite a transpiração, a liberação de calor e umidade para manter o usuário seco e fresco. O produto foi usado pela primeira vez em 2006 pela tenista Maria Sharapova no United States Open Tennis.
A analogia as escamas de peixe é de ordem morfológica (escamas e brânquias).
Tecido de camuflagem
A tipologia gráfica camuflagem tem uma história conceitual têxtil de estamparia aplicada às guerras já sinalizada de 1750 a 1800, seguido pelo uso britânico de Caqui (Khaki), depois de 1850 na Índia. Mas a camuflagem, a partir de camoufler palavra francesa (para disfarçar), foi introduzida pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial pelos franceses. A ideia era a ocultação de pessoas e objetos para se esconder da vista de todos, similares ao conceito de camuflagem encontrada no mundo animal (presa x predador).
A analogia a camuflagem animal é de ordem morfológica e simbólica (presa x predador).
Tecido bioluminescente
Bioluminescência é a produção e emissão de luz fria por um organismo vivo, como resultado de uma reação química durante a qual energia química é transformada em energia luminosa. Este fenômeno ocorre em diversos grupos de organismos, desde organismos metabolicamente mais simples como as bactérias e fungos, até em organismos complexos, como é o caso dos insetos e seres da zona abissal. Em alguns seres como os vaga-lumes, o substrato de uma proteína denominada luciferina, é oxidada por uma enzima, denominada luciferase. Nessa reação, a luciferase oxida a luciferina consumindo uma molécula de trifosfato de adenosina (ATP). A molécula de luciferina, agora excitada energeticamente, libera essa energia química na forma de energia luminosa.
Abaixo, é apresentada a coleção de vestidos eletroluminescentes da designer chinesa Vega Zaishi Wang. Seus vestidos apresentam efeitos de luz produzida por painéis de Light Emitting Diode (LED) embutidos no tecido, gerando um efeito bioluminescente.
A analogia a seres da zona abissal é de ordem morfológica e simbólica.
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