UMA REDE NO AR - Os fios invisíveis da opressão em Avalovara, de Osman Lins
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Leitura por rotas: são incursões no romance, mediadas pela
leitura dos pesquisadores e concretizadas no dispositivo hipertextual criado.
As rotas estruturam e tornam visíveis as articulações que se apresentam diluídas
em fragmentos textuais do romance. Para a determinação das rotas, consideramos
a possibilidade de navegação por rotas lexicais e unidades temáticas.
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Você está em Leitura por rotas » O Corpo de Ö [E3]
O corpo de e o meu, tudo o que temos para este encontro. Nossos corpos e o que ambos trazem. De pé, as suas mãos vibrando entre as minhas como vibra a cidade na hora ainda tumultuosa da tarde, contemplo-a. Desejaria que soubesse e é possível que saiba: não vejo à minha frente um animal de presa. Ela responde, com a fúria e a solidão que ressoam em sua carne, a obscuros vazios que me roem. Percorre-a um rumor? Suas mãos nas minhas, vibrantes (assim vibra um sino percutido, o chão sob um galope de cavalos vindo, vindo, vibra assim). As palmas largas e fortes.
Expressa o rosto de , legíveis, símbolos claros e exatos como as letras que vogam entre os altos edifícios? Segredos numerosos, nele, espreitam-me; e o confronto do meu corpo com o seu atende a um esforço de perfuração ou rompimento, arrastam-me esse rosto e corpo - ventre ancas jarretes, vulva peitos ombros, língua braços coxas - com todos os ímãs e iscas e méis, mas arrasta-me com ainda maior potência o esconso, o que irrevelado se move em sua carne, o ainda escuro e não aqui. Sua beleza estoura nos meus olhos e trespassa-me, cruza-me, atravessa-me, crava-se fundo em mim.
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