UMA REDE NO AR - Os fios invisíveis da opressão em Avalovara, de Osman Lins

Leitura por rotas: são incursões no romance, mediadas pela leitura dos pesquisadores e concretizadas no dispositivo hipertextual criado. As rotas estruturam e tornam visíveis as articulações que se apresentam diluídas em fragmentos textuais do romance. Para a determinação das rotas, consideramos a possibilidade de navegação por rotas lexicais e unidades temáticas.

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Ela e ela, tu, o acesso, ó corpo mágico, ó glória e privilégio desta travessia, em quantas superfícies cruzadas reflexas opostas afundam falo e Abel, espaço de vozes e vozes e vozes e vozes, múltiplas bocas múltiplas, nossas línguas um laço, o ar que expira e seu odor ácido e quente, jasmins abertos Sol meio-dia, outro sexo oculto no seu sexo mastiga a glande atônita,

escondido solerte e constritor escavo força e poder da minha insígnia escavo fundo firme e fundo quanto posso busco um centro um alvo um portão sou esta insígnia e busco seus cabelos agitados no meu braço direito e minha mão esquerda firme sobre o punho uma travessa arrastando-a para mim acunhando-a um golpe sua cabeça a de um ser torturado e rumores de asas de vôos próximos na cabeleira revolta trançada cheia de nó sibila a sua língua como um rabo de lagarto (a língua sibilante móvel dupla insaciável, a língua sopradora veludosa quente ágil cheiro de verniz sabor de amêndoas cheiro de manhãs sabor de cuspe cheiro de barricas sabor de pão cheiro de pano queimado sabor de leite a língua: dança na minha boca) escavo em busca do centro

tu portagem tu pórtico tu porto eis que finda a travessia e as palavras me invadem a princípio em tumulto irrompem em mim horda ríspida e silente irrompem em mim e minha carne conhece-as conhece e sofre a presença desses insetos de mica lâmina veloz do relâmpago correm entre nós as palavras e com elas o caos a balbúrdia a barafunda os carneiros mochos fitas rubras guizos os carneiros entre os viçosos girassóis que pendem pétalas ouro a chuva estronda pesada.

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