UMA REDE NO AR - Os fios invisíveis da opressão em Avalovara, de Osman Lins
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A Fidelidade factual No tema R, são descritas as etapas, passo a passo, porém não em seqüência, do lançamento dos foguetes americanos que a partir da Praia do Cassino, no Rio Grande do Sul, tinham a missão de observar o eclipse solar, ocorrido em novembro de 1966. Lendo o Correio do Povo, maior jornal da época no Rio Grande do Sul, podem-se seguir os preparativos para a observação do eclipse. Muitos dos dados técnicos colhidos no Jornal coincidem com os inseridos em Avalovara. - Manchete jornalística [R6] [R14]
- Opressão [R6] [R14] [R15]
- O Enterro de Natividade [R6]
- O Eclipse [R5] [R7] [R13] [R19]
- Reflexões de Abel ou Ö [R6] [R14]
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Você está em Leitura por rotas » O Eclipse [R16]
A faixa do eclipse total, entretanto, fica a alguns poucos quilômetros de Rio Grande. Conduzidos por notícias imprecisas, fazemos extensas e dispendiosas
viagens para observar, na sua plenitude, um fenômeno que se prevê incompleto na cidade. Este engano, porém, lido de outro modo, será ainda engano?
Águas e terras, num oval que se inclina de Noroeste a Sudeste, sofrem a ação do eclipse. O ovo dessa noite rara e breve, cuja borda superior, nascendo no
pacífico, une em um arco a Califórnia à Geórgia, corta o Atlântico e alcança, descendo, o extremo meridional da África, abrange as Caraíbas, o México, todo o
continente sul-americano, extensa área deserta da Antártida, escurecendo à medida que se aproxima do núcleo: uma tangente sobre o paralelo 32, à altura das
pastagens quase sempre planas da fronteira.
Os foguetes, sobre as plataformas, três das quais já vazias, perfilam-se ao longo da praia do Cassino, potentes e precisos, apontados para os astros com seus
bicos de aves aquáticas. Cerca-os, arco agitado e compacto com quase dois quilômetros de raio, uma multidão que aos poucos emudece, mantida à distância por
tropas bem armadas do 9.° Regimento de Infantaria e do 3.° Batalhão de Guardas. Todas as passagens estão obstruídas por soldados, de modo que os veículos -
largados nas calçadas, no mato, fora das estradas ou à margem de taludes - formam por trás da multidão uma barreira de carrocerias, sólida e sem ordem, os
vidros refletindo um Sol cortado.
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