UMA REDE NO AR - Os fios invisíveis da opressão em Avalovara, de Osman Lins
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A voz de  A personagem , como uma das alegorias do próprio romance, representa o processo dessa estrutura literária em que cada capítulo é composto por vários fragmentos de subunidades entrelaçados de modo que a opressão, a atuação dos militares, a representação dos oprimidos sem voz e sem vida própria ficam submersas na narrativa maior. Abel, personagem-escritor, reflete metaliterariamente em pseudo-diálogos com a personagem
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Você está em Leitura por rotas » Reflexões de Abel ou Ö [R20]
"Arrancar do tronco o animal ou o seixo. Você
preferiria viver e se morre é por acaso. Mas o pior de tudo é quando a gente aceita o corpo estranho e começa a pensar que não é tão mau viver com ele
encravado".
- A indiferença do escritor é adequada à sua presumível elevação de espírito? Para defender a unidade, o nível e a pureza de um projeto criador, mesmo
que seja um projeto regulado pela ambição de ampliar a área do visível, tem-se o privilégio da indiferença? Preciso ainda saber se na verdade existe a indiferença:
se não é - e só isto - um disfarce da cumplicidade. Busco as respostas dentro da noite e é como se estivesse nos intestinos de um cão. A sufocação e a sujeira,
por mais que procure defender-me, fazem parte de mim - de nós. Pode o espírito a tudo sobrepor-se? Posso manter-me limpo, não infeccionado, dentro das tripas
do cão? Ouço: "A indiferença reflete um acordo, tácito e dúbio, com os excrementos." Não, não serei indiferente.
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