ele queria se emprestar a si as façanhas dos jagunços, e que Joca Ramiro estava ali junto de nós, obedecendo mandados, e que a total valentia pertencia a ele, Selorico Mendes. Meu padrinho era antipático. Ficava mais sendo. Eu achava. Num lugar parado, assim, na roça, carece de a gente de vez em quando ir alterando os assuntos.
Não estou caçando desculpa para meus errados, não, o senhor reflita. O que me agradava era recordar aquela cantiga, estúrdia, que reinou para mim no meio da madrugada, ah, sim.
Meu padrinho Selo rico Mendes me deixava viver na lordeza. No São Gregório, do razoável de tudo eu dispunha, querer querendo. E, de trabalhar seguido, eu nem carecia. Fizesse ou não fizesse, meu padrinho me apreciava; mas não me louvava. Uma coisa ele não tolerava, e era só: que alguém indagasse justo quanto era o dinheiro que ele tinha. Com isso eu nunca somei, não sou especula. Eu vivia com o meu bom corpo. Alguém há de achar algum regime melhor?
Mas, um dia -de tanto querer não pensar no princípio disso, acabei me esquecendo quem - me disseram que não era à-toa que minhas feições copiavam retrato de Selorico Mendes. Que ele tinha sido meu pai! Afianço que, no escutar, em roda de mim o tonto houve - o mundo todo me desproduzia, numa grande desonra. Pareceu até
que, de algum encoberto jeito, eu daquilo já
UniRitter - Centro Universitário
Ritter dos Reis
Rua Orfanatrófio, 555 - Cep: 90840-440 - Porto Alegre - RS - Brasil
Telefone: +55 (51) 3230.3333
© Copyright 2009-2012 - Veredas do Grande Sertão. All rights reserved.