de escutar isso, soprante. Ah, porém, estaquei na ponta dum pensamento, e agudo temi, temi. Cada hora, de cada dia, a gente aprende uma qualidade nova de medo!Mas, depois de janta, quando estávamos outra vez reunidos - Marcelino Pampa, eu e João Concliz, -não se teve nem o tempo de principiar. Pelo que ouvimos: um galope, o chegar, o riscar, o desapêio, o xaxaxo de alpercatas. Sendo assim o Feliciano e o Quipes, que traziam um vaqueirinho, escoltado. Que vieram quase correndo. O vaqueirinho não devia de ter mais de uns quinze anos, e as feições dele mudavam -de mestre pavor -"Arte, que este tal passou, às fugas, meio arupa. Pegamos. Aí ele tem grande coisa pra contar..." -e empurraram um pouco o vaqueirinho. De medo - a gente olhava para ele -e de nossos olhos ele se desencostava. Afe, por fim, bebeu gole de ar, e soluceou:
-"É um homem... Só sei... É um homem..."
-"Te acerta, mocinho. Aqui você está livre e salvo. Aonde é que está indo?" -Marcelino,Pampa regrou.
-"É briga enorme... É um homem... Vou indo pra longe, para a casa de meu pai... Ah, é um homem... Ele desceu o Rio Paracatú, numa balsa de burití..."
-"Que foi mais que o homem fez?" -então João Concliz perguntou.
-"Deu fogo... O homem, com mais cinco homens... Avançaram do mato, deram fogo contra os outros. Os outros eram montão, mais duns trinta. Mas fugiram. Largaram três mortos, uns feridos. Escaramuçados. Ei! E estavam a cavalo... O homem e os cinco dele estão a pé. Homem terrível... Falou que vai reformar isto tudo! Vieram pedir sal e farinha, no rancho. Emprestei. Tinham matado um veadinho campeiro, me deram naca de carne..."
-"Qual é que é o nome dele? Fala! Como é que os outros dizem? Aí e que jeito, que semelhança de figura é que ele tem?"
-"Ele? O jeito que é o dele, que ele tem? Em é mais : " baixo do que alto, não é velho, não é Moço... Homem , branco... Veio de Goiás... O que os outros falam e tratam: "Deputado". Desceu o Rio Paracatú numa balsa de burití..."- Estávamos em jejum de briga..." -ele mesmo disse ele e seus cinco deram fogo feito feras. Gritavam de onça e de uivado... Disse: vai remexer o mundo! Desceu o Rio Paracatú numa balsa de burití... Desceram... Nem cavalo eles não têm..."
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