Aleixo

Conto, contei, contar, narrar

Jazevedão

Mire, veja, senhor

Nhorinhá

O diabo, capiroto, que-diga, demo

O julgamento

O menino

O pacto

Pedro Pindó

Dou-lhe qual: que, uma vez, ele corria a cavalo, por exercício, e um veredeiro que isto viu se assustou, pulou de joelhos na estrada, requerendo: -"Não faz vivalei em mim não, môr-de-Deus, seu Zebebel, por perdão..." E Zé Bebelo jogou para o pobre uma cédula de dinheiro; gritou: -"Amonta aqui, irmão, na garupa!" -trouxe o outro para com a gente jantar. Esse era ele. Esse era um homem. Para Zé Bebelo, melhor minha recordação está sempre quente pronta. Amigo, foi uma das pessoas nesta vida que eu mais prezei e apreciei.

Pois porém, ao fim retomo, emendo o que vinha contando. A ser que, de campinas a campos, por morros, areiões e varjas, o Sesfrêdo e eu chegamos no Marcavão. Antes de lá, inchou o tempo, para chover. Chuva de desenraizar todo pau, tromba: chuvão que come terra, a gente vendo. Quem mede e pesa esses demais d'água? Rios foram se enchendo. Apeamos no Marcavão, beira do do-Sono. Medeiro Vaz morreu, naquele país fechado. Nós chegamos em tempo.

Ao quando encontramos o bando, foi ali, Medeiro Vaz, já estava mal; talvez por isso a alegria comum não pôde se dizer, nem Diadorim me abraçou nem demonstrou um salves por minha volta. Fiquei sincero. A tristeza e a espera má tomavam conta da gente. -"O mais é o pior: é que tem inimigo, próximo, tocaiando..." -Alaripe me disse. Muito chovido de noite -as árvores esponjadas. Mesmo dava um frio vento, com umidades. Para agasalhar Medeiro Vaz, tinham levantado um boi -o senhor sabe: um couro só, espetado numa estaca, por resguardar a pessoa do rumo donde vem o vento -o bafe-bafe. Acampávamos debaixo de grandes árvores. O barulhim do rio era de bicho em bicheira. Medeiro Vaz jazente numa manta de pele de bode branco -aberto na roupa, o peito, cheio de cabelos grisalhados. A barriga dele tinha inflamado muito, mas não era de hidropisia. Era de dores. Quando vislumbrou de mim, aí armou no se aprumar, pelejando para me ver. Os olhos -o alvor, como miolo de formigueiro. Mas se abriu, arriou os braços, e mediu o chão com suas costas. "Está no bilim-bilim" -eu pensei. Ah, a cara -arre de amarela, o amarelamento: de palha! Assim desse jeito ele levou o dia quase a termo.

A tarde foi escurecendo. Ao menos Diadorim me chamou adeparte; ele tramava as lágrimas. -"Amizade, Riobaldo, que eu imaginei em você esse prazo inteiro. .." - e apertou
minha mão. Avesso fiquei, meio sem jeito.