UMA REDE NO AR - Os fios invisíveis da opressão em Avalovara, de Osman Lins
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Leitura por rotas: são incursões no romance, mediadas pela
leitura dos pesquisadores e concretizadas no dispositivo hipertextual criado.
As rotas estruturam e tornam visíveis as articulações que se apresentam diluídas
em fragmentos textuais do romance. Para a determinação das rotas, consideramos
a possibilidade de navegação por rotas lexicais e unidades temáticas.
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Você está em Leitura por rotas » Olavo Hayano [R16]
- O que aterra no rosto fosforescente do Iólipo é ser quase sempre invisível. Também o modo como se revela: na obscuridade. Ele se oculta como um duende
dentro do rosto diurno. Como um duende? Não, como um estranho. Alguns são belos - lembram a face de um anjo - e mesmo assim amedrontam. Que sucede,
então, quando - além da sua mudez e da sua estranheza - esse rosto é disforme? Assim Olavo Hayano. Nele, o rosto oculto, fora do meu alcance, é de monstro.
- Antes dos doze anos, duas coisas, apenas, distinguem o Iólipo das outras crianças: em todos os seus sonhos, em todos, surgem imagens de mortos
com acessos de ira; e há, em torno dele ou dentro dele (impossível saber) um Vazio. A substância das coisas passa através do Iólipo e transita para o Nada. Mas
nem todos percebem esse vazio ou sucção. A princípio, o Iólipo não reconhece os personagens que surgem nos seus sonhos: até aos doze anos, normalmente
vimos poucos mortos. Passa-se algum tempo antes que os pais identifiquem aquelas sombras furiosas que batem portas e agridem-se, com gritos, chicotes e
objetos perfurantes, e descubram com isto a natureza do ser engendrado através deles.
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